No dia 19 de julho, celebramos o Dia Nacional do Futebol, uma data que nos convida a refletir sobre a essência desse esporte que, mais do que uma paixão nacional, é um verdadeiro patrimônio cultural do Brasil. Em tempos em que o futebol brasileiro enfrenta uma crise de identidade, é crucial relembrar e recalcular a rota, buscando um retorno às suas origens e características inigualáveis.

Nelson Rodrigues, um dos maiores cronistas do nosso futebol, já dizia que "o futebol é a pátria em chuteiras". Essa frase encapsula a importância do futebol como um reflexo da alma brasileira. Em um campo de futebol, vemos a expressão mais pura da alegria, do drible, do improviso — elementos que são a alma do chamado futebol raiz.

Armando Nogueira, outro mestre da crônica esportiva, ressaltava que "a bola é a flor do jogo". Em cada lance, em cada jogada, há uma manifestação artística única, que se perde quando tentamos moldar nosso futebol às características de outros países. "Nem tudo que é bom para um, será para o outro" é uma verdade tanto na vida quanto no futebol. Nosso estilo, nossa alegria e nossa criatividade são nossas maiores riquezas.

Recordemos os tempos da infância, quando jogávamos futebol na rua, sem muitas regras, mas com uma liberdade que nos permitia criar, inovar e, acima de tudo, nos divertir. Com a profissionalização e a padronização excessiva, essa essência foi se diluindo. As regras são necessárias, mas devem ser aplicadas apenas pelos árbitros. No campo, devemos resgatar a nossa individualidade e autenticidade.

O futebol brasileiro se perdeu ao tentar copiar estilos e métodos de outras nações. Precisamos resgatar o nosso jeito de jogar, que sempre encantou o mundo. O futebol arte, onde a improvisação e o talento individual fazem a diferença, deve ser nosso norte.

Ao celebrar o Dia Nacional do Futebol, que possamos não apenas olhar para o passado com nostalgia, mas também trabalhar para um futuro onde o futebol brasileiro resgate e reafirme sua identidade única. Como disse Nelson Rodrigues, "o Brasil é o único país onde as convulsões sociais, as guerras e as revoluções terminam em samba". Que possamos, então, terminar cada partida com a mesma alegria e improviso que sempre foram nossas marcas registradas.